Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doura
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
Este foi o poema declamado, nos dias 14 e 29 de outubro, aos alunos do 12º Ano, na Biblioteca Escolar, constituindo um marco no início do estudo de Fernando Pessoa. Pessoa cuja obra procurou as infinitas pessoas que no seu íntimo ganhavam vida e personalidade.
Será que a Inteligência Artificial será capaz de se aproximar da produção literária de Fernando Pessoa que se mostra tão simples quanto complexa?
A resposta foi unânime.
A profundidade e a complexidade de uma mente como a de Fernando Pessoa muito dificilmente será absorvida pela IA.


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