terça-feira, 29 de outubro de 2024

Camões, engenho e arte: o Teatro Camoinz Hépyco-Lyrico veio à nossa escola...

 

"Camoinz Hépyco-Lyrico"

Em modo de conclusão das diferentes iniciativas de celebração do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares (MIBE), nos dias 29 e 30 de outubro, nos auditórios das Escolas Prof. Doutor Ferreira da Silva e Comendador Ângelo Azevedo, foi apresentada a peça teatral "Camoinz Hépyco-Lyrico", escrita por Gustavo Rubim e interpretada pelos atores Simão Rubim e João Marta.

O Teatro conquistou os corações dos nossos alunos dos 9º ao 12º anos de escolaridade, ao ponto de algumas das nossas alunas se tornarem autênticas musas nesta revisão pedagógica da poesia épica e lírica de Camões.

Num ambiente de surpreendente boa disposição, com muito humor e marotice à mistura, falou-se de AMOR.

O amor ou os amores de Luís de Camões, que atravessam toda a sua obra poética e que transparecem na sua paixão pela poesia.

Momentos de muito riso alternaram com momentos de total silêncio, nos quais toda a plateia ouviu e sentiu alguns dos sonetos de Luís Vaz.

Descalça vai para a fonte

 

Descalça vai para a fonte

Lianor pela verdura;

Vai fermosa, e não segura.

 

Leva na cabeça o pote,

O testo nas mãos de prata,

Cinta de fina escarlata,

Sainho de chamelote;

Traz a vasquinha de cote,

Mais branca que a neve pura.

Vai fermosa e não segura.

 

Descobre a touca a garganta,

Cabelos de ouro entrançado

Fita de cor de encarnado,

Tão linda que o mundo espanta.

Chove nela graça tanta,

Que dá graça à fermosura.

Vai fermosa e não segura.

(Luís de Camões)

 Luís Vaz de Camões, esse poeta renascentista que atravessou e atravessa os tempos. O “nosso” poeta, que ofereceu significado, sentimento, ritmo, musicalidade e beleza às palavras, numa dança interminável de teses e antíteses, de forças contrárias como a água e o fogo, ao jeito de Petrarca. Uma dança na qual se foi definindo a silhueta do amor platónico por uma mulher ideal, distante e envolta de sensualidade. Uma dança recheada de hipérboles, metáforas, trocadilhos, personificações, que dão conta de sentimentos constantes de insatisfação e incompreensão e que colocam a nu os desconcertos de um Mundo que atrai D. Sebastião para uma viagem sem retorno.

Enfim, um momento único, e, utilizando as palavras do próprio D. Sebastião, “SUBLIME”. 
























Sem comentários:

Enviar um comentário