O reinício das atividades letivas no nosso agrupamento foi marcado pela sessão escolar do Concurso Literário Interconcelhio "Camões à vista", que envolveu todos os alunos do Agrupamento desde os do 1ºciclo até aos do ensino secundário. Uma semana em cheio, na Biblioteca Escolar, que girou em torno dos vários livros que, de diferentes modos, nos falam de Camões.
Camões o nosso poeta épico que, com os seus X cantos glorificou os Descobrimentos Portugueses, a viagem de Vasco da Gama e a sua chegada à Índia, por via marítima, enfrentando o "monstro Adamastor" que se erguia do cabo das Tormentas e que, depois de vencido, se tornou no Cabo da Boa Esperança.
Camões que honrou o saber científico (ex.: cartografia), técnico (ex.: navegação astronómica) a coragem e a heroicidade dos lusitanos, por se terem aventurado por mares nunca antes navegados e ido ao encontro de terras e povos desconhecidos ("O Bando das Cavernas 1 - Heróis do Mundo - O Monstro Marinho, de Nuno Caravela) :
"As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram"
Os Lusíadas canto primeiro - 1 e 2
Uma aventura na qual se destacou a ínclita geração, em particular a figura do Infante D. Henrique, com o seu "chapéu preto" muito estranho ("O Bando das Cavernas 1 - Heróis do Mundo - O Monstro Marinho, de Nuno Caravela), cuja primeira etapa foi a conquista de Ceuta, no dia 22 de agosto de 1415. Ceuta, esse tesouro situado no estreito de Gibraltar, ponto estratégico entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico.
Camões, um estudante de Coimbra, briguento, o que o levou, por vezes à prisão, e também um soldado, que não deixou de lutar contra os infiéis, em Ceuta, onde perdeu o seu olho direito (O Bando das Cavernas Heróis do Mundo 13: Camões – Poeta e Herói, e Nuno Caravela).
Camões nascido em 1524, no reinado de D. João III, talvez em Lisboa, um humanista verdadeiramente apaixonado pela cultura clássica e ecuménica. Camões que, apesar das suas aventuras e desventuras, escreveu sempre em rima sobre os desconcertos da vida e do mundo (As Aventuras e Desventuras de um Poeta Épico, Sérgio Franclim e Bruno Ferreira).
Camões, um poeta destinado a viver entre encontros e desencontros de amor (Alma Minha Gentil, de Rosa Lobato de Faria/Pedro Sousa Pereira):
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Luís de Camões, Rimas (1595), Soneto XIII
Enfim, Camões, um dos maiores poetas da Literatura Portuguesa, uma alma que experimentou as infelicidades da vida que fizeram do seu espírito crítico, errante e solitário um dos maiores senão o maior poeta de todos os tempos. (Alma Minha Gentil, de Rosa Lobato de Faria/Pedro Sousa Pereira).
De tudo isto e de muito mais falaram aos nossos alunos os livros "objeto" deste ConCIL 2025 Parabéns a todos os que contribuíram e participaram e que com o seu empenho deram sentido a esta iniciativa.
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